Para Todas as Garotas; Lara Jean, que na verdade são Uma Margot.
E nossas histórias quem irá contar?
Harry Styles - Matilda
“Para nós garotas que sempre nos sentimos como uma peça solta de um quebra cabeça em todos os lugares em que estávamos, Para nós que sempre tivemos o sentimento de ser estranhas e para nós garotas que sempre tivemos que aprender sozinhas como lidar com a vida”
“EU GOSTO DE preservar coisa. Não coisas importantes, como baleias, pessoas ou a natureza. Coisas bobas”. (trecho do livro “Para Todos os Garotos que já amei”)
Como cartas feitas pelas minhas colegas do fundamental 1, mesmo que não nos falamos mais ou sejam de uma tarefa obrigatória de trocas feita pela professora, bilhetes de cinema, lembrancinhas de casamento, aniversário ou qualquer outra festa comemorativa, embrulho de presentes e todas as coisas que não pude dizer durante minha vida.
Não sei dizer quando foi que começou, mais sempre soube que meus pais não precisavam de mais problemas em meio a realidade deles, assim eles nunca precisavam se preocupar onde eu estava, afinal eu estaria brincando no quarto com minhas bonecas, desenhando com meus lápis ou assistindo algum desenho na TV. Quando comecei a frequentar a escola eles não precisavam se preocupar com os conselhos de classe, “Ela é uma boa aluna, apenas quieta”.
Ninguém precisava me lembrar sobre os trabalhos ou quando deveria estudar, não precisavam conferir meus boletins. Mas também nunca era levada a sério se desse minha opinião, afinal eu ainda “não entendia as coisas”. Oque sempre é um erro dos adultos, achar que as crianças não sabem das coisas ou que não percebem o ambiente.
No fundamental 2, o desconforto aumentava, talvez nesse momento tive a certeza de que não me encaixava com as outras crianças, elas sempre se davam bem, pareciam saber oque e como falar em sintonia, já eu observava como elas agiam, como brincavam e nesse momento, eu agia como elas, “E daí se não gosto dessa brincadeira, todas elas gostam”. Embora tivesse meu grupo de amigos, nunca parecia conseguir me conectar com alguém, “Ela é minha melhor amiga, mais porque parece que somos duas estranhas tentando agir como se estive tudo normal?”
Com o tempo percebi que não era comum ter esse sentimento, estava tudo normal, eu é que não me sentia normal, “Afinal o que as outras pessoas têm a ganhar fingindo gostar de você?” Minhas amizades não eram com pessoas ruins, pelo contrário são pessoas que tenho um imenso carinho, mas ainda assim, nunca consegui me conectar cem por cento com elas. Qual era meu problema, afinal, as outras pessoas podiam contar comigo, mais por que eu não conseguia contar com elas?
“Tá tudo, bem Ela faz melhor sozinha mesmo”
Não precisei aprender a ser sozinha ou ter a solitude, eu só não tive a oportunidade de dizer que queria a companhia de alguém…
Crescer rodeada de pessoas não significa que não se sentirá sozinha, e estar sozinha não significa que estará se sentindo solitária. É fácil confundi às duas coisas. Porém, aprender que tá tudo bem, aceitar que mesmo que você consiga fazer sozinha, a pessoas que só querem fazer algo junto de você.
Como lidar com a Auto Comparação?
Ao ler esse texto não quero que achem que terei as respostas para todos esses questionamentos, porque não tenho, e não sei se algum dia terei, afinal os carrego como se percorressem minhas veias. Porém, espero que se alguém, uma pessoa que seja leia isso, possa pensar que é reconfortante se sentir compreendida, da mesma forma que me sinto quando assisto ‘‘Adoráveis Mulheres” e posso me sentir compreendida quando a Jo e Amy falam sobre suas frustrações.
Quando olhamos para aquela pessoa que parece ser perfeita, ser tudo oque nos falta, mais não é um olhar de inveja malicioso e sim um olhar de comparação, e aquele sentimento chega estar sendo sufocante pela sua essência; “Eu desprezo meus olhos ciumentos e o quanto eles se apaixonam por você”
Olivia Rodrigo - Lacy
Se você assistiu “Para todos os Garotos que já amei” provavelmente se identificou com alguma das irmãs Covey;
A irmã mais velha, Margot, responsável por ser o exemplo a seguir oque pode ser um peso em suas costas, dedicada e que não olha para trás após tomar uma decisão.
A irmã do meio, Lara Jean, sempre arrumando um jeito de fugir da realidade por meio de seus livros, gosta de cozinhar, escrever cartas que não serão enviadas é sua forma de não sufocar com as palavras e guarda consigo o medo da perda.
A irmã mais nova, Kitty, extrovertida, curiosa e ousada, seja uma qualidade ou um defeito, criativa e pode tomar decisões impulsivas como hábito.
Nascer uma Lara Jean e se torna uma Margot;
A Lara Jean, teve grande evolução emocional, tendo contato com o seu passado graças ao envio das cartas por Kitty, passando por momentos dolorosos, que a quebraram e a obrigaram a sair da sua zona de conforto, que já não estava tão confortável como parecia.
Margot, também foi obrigada a sair de uma zona de conforto e tomar uma responsabilidade que a moldaria como pessoa, a perda de sua mãe levou com que ela tomasse a frente no quesito emocional, ser a figura de uma mulher confiável e segura para suas irmãs e auxiliar seu pai emocionalmente para que a família superasse aquela perda e deixar as partes dela que ela mais amava para trás.
Ambas tiveram que enfrentar o luto de sua forma, se reconstruir em meio a realidade e suas surpresas, porém o destino levou Lara Jean a enfrentar tudo escolhendo levar pessoas com sigo, já Margot teve que trilhar seu caminho só.
Quando penso nessa diferença das duas, não importa o quão queira ser uma Lara Jean para sempre, sempre achei as escolhas da Margot mais reais para minha vida, não posso ficar em um lugar que não vejo mais possibilidades em uma versão que me prenda para sempre, também não posso levar ninguém comigo, mesmo que me doa a saudade, mais me doeria muito mais não descobrir quem eu posso ser.
…
Porém, quando vejo garotas, Lara Jean e Kitty, não posso deixar de me sentir frustrada, gostaria de ter alguém comigo e quando digo isso não me refiro ao sentido romântico e sim a amizades, família… Pertencimento. Porém, há uma frase que sempre me acompanhou, em tempos ouso ela, de jeitos diferentes, no entanto, carregam o mesmo significado;
“A vida requer escolhas, e independente de qual você fizer, perderá algo”
Mais, acredito que o sentimento de estar sozinha, não vai te impedir de conseguir chegar no fim do processo. Afinal quando encontrar a sensação de conforto e puder olhar para as pessoas e não precisar mais se encaixar, vai ser o resultado de pequenas ações de autoconhecimento e ter escolhido ser aventurar e conhecer a verdade em que acredita com os próprios olhos, assim poderemos nós mesmas contar nossas histórias.
Obrigada por ler!
Espero que tenha sido uma boa leitura, deixem um comentário sobre, cuidem-se, se mantenham saudáveis e até uma próxima. Bye, bye!